Equipe do programa "A Caminho da Escola 2.0" entregou nesta segunda (10) projeto da Escola Municipal Floriano Peixoto, em São Cristóvão | Foto: CET-Rio
A Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio) foi selecionada pelo programa “Streets for Kids”, da instituição norte-americana Global Designing Cities Initiative (GDCI) para receber apoio técnico em reconhecimento à iniciativa “A Caminho da Escola 2.0”. O projeto educativo e de segurança viária já foi implantado no entorno de mais de 70 escolas municipais e concorreu com propostas de 60 cidades de todo o mundo, incluindo Bogotá e Cali, na Colômbia, além de Salvador, Fortaleza e Mogi das Cruzes.
Nesta segunda-feira (10), a CET-Rio promoveu uma ação educativa de trânsito para marcar a entrega de mais um projeto, que foi elaborado a partir de mapas de risco identificados por alunos da Escola Municipal Floriano Peixoto, com a sinalização da Praça Argentina, em São Cristóvão. Foram realizadas atividades dentro e fora da unidade escolar, com apresentação teatral e orientação de trânsito a condutores de veículos.
“Estamos levando essa ação a dezenas de escolas de todas as regiões da cidade, numa parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Os resultados têm sido extraordinários e mostram que os alunos que participam do programa se tornam mais conscientes da importância de um trânsito mais seguro, democrático e humano”, disse o presidente da CET-Rio, Luiz Eduardo Oliveira.
A intervenção urbana utiliza como método o urbanismo tático, uma estratégia de baixo custo e de rápida implementação com uso de tinta e cones para melhorar a segurança dos espaços públicos. O trabalho é desenvolvido pelo setor de Educação para o Trânsito e conta com uma equipe multidisciplinar com educadores, arquitetos e técnicos.

Sinalização no entorno da Praça Argentina
Foram implantadas dez faixas de travessia de pedestres com sinalização horizontal e placas indicativas para alertar os condutores de veículos sobre a circulação de crianças no entorno da escola. A distância das travessias foi reduzida como medida de segurança. O estacionamento foi ordenado e há vagas de embarque e desembarque destinadas a idosos e a pessoas com deficiência. As calçadas foram estendidas com faixas verdes para ampliar o espaço para pedestres.
O raio de curvatura nas interseções foi reduzido, diminuindo a velocidade de conversão dos veículos para proporcionar maior segurança aos pedestres. Foram instalados, ainda, balizadores, tachões e segregadores para proteger as extensões de calçada, proporcionando maior segurança aos pedestres, além de impedir o uso irregular dos espaços criados. Também foi instalada a sinalização vertical, com as proibições, obrigações ou restrições no uso das vias. Para proporcionar a redução de velocidade dos veículos no entorno da escola, as faixas de circulação de veículos se tornaram mais estreitas. Toda a sinalização existente foi revitalizada, identificando a necessidade de reparos ou troca de equipamentos.
“Os professores e alunos ficaram orgulhosos de poderem ser protagonistas dessa iniciativa. Já estamos sentindo uma mudança muito significativa no entorno e na entrada da nossa escola. A principal mudança foi a organização de todo o espaço, principalmente o acesso dos alunos responsáveis e funcionários da escola. Os carros dificultavam muito o movimento de entrada e saída dos turnos”, afirmou a diretora da Escola Municipal Floriano Peixoto, Otília Miller de Souza Araújo.

Educação para um trânsito seguro
O programa “A Caminho da Escola 2.0” acontece diariamente com visitas às escolas agendadas pela Coordenadoria de Educação para o Trânsito. A equipe educativa começa o trabalho com a apresentação de peça teatral sobre o trânsito, seguida de oficina de sensibilização e debate sobre mobilidade urbana e sustentável. Em média, 70 alunos entre 9 e 11 anos, do 3º e 4º anos do Ensino Fundamental, participam das atividades em cada escola.
Enquanto os alunos aprendem mais sobre segurança no trânsito, os professores recebem orientações da equipe para a construção do mapa de risco de trânsito que será elaborado junto com os alunos. O mapa é feito para estimular a observação dos alunos no caminho de casa para a escola. Os estudantes desenvolvem o desenho e apontam os problemas identificados nas vias do entorno propondo soluções. Depois de pronto, o mapa é encaminhado à CET-Rio para a avaliação e elaboração do projeto final para posterior implantação.

Análise do projeto escolar
De posse do mapa de risco elaborado pelos alunos, os arquitetos da CET-Rio iniciam a fase de estudo do projeto levando em consideração todos os apontamentos feitos pelos alunos. A equipe realiza várias vistorias, com medição de velocidades, que vão complementar o estudo técnico para implementar as mudanças viárias necessárias. Entre as intervenções estão sinalizações horizontal, vertical, escolar e de travessias, além da definição de vagas de embarque/desembarque, carga/descarga e ordenamento do estacionamento. Também são avaliadas a necessidade de instalação de semáforos, redução de velocidade e mudança de sentido da via.
O projeto leva em conta os dados pré-existentes técnicos, como a largura da calçada e das vias no entorno das escolas e de grande movimento de pedestres, além da travessia existente e outras sinalizações que podem estar sendo desrespeitadas.
Após finalizar todo o estudo, o projeto segue para ser implantado e executado pelo setor de manutenção, que programa toda a sinalização prevista para o local. Depois do projeto executado chega o momento da entrega formal aos alunos e a equipe de Educação para o Trânsito retorna à escola para agradecer a participação da comunidade escolar em todo o processo, promovendo a sensação de pertencimento e de cidadania nos alunos.
“A Caminho da Escola 2.0 parte da ideia de que não é justo aceitar que o espaço urbano seja hostil, sobretudo para as crianças. O programa propõe transformar esse ambiente para proteger quem mais precisa, envolvendo toda a comunidade escolar na construção dos mapas de risco e nas soluções que orientam as intervenções viárias”, explica o coordenador de Educação para o Trânsito e Relacionamento com o Cidadão, Mauro Cezar de Freitas Ferreira.
Dados do programa
O programa “A Caminho da Escola 2.0” ganhou escala em 2022 com visitas diárias nas escolas municipais e a implantação sistemática dos projetos elaborados pelos estudantes. Ao todo, 32.065 alunos de escolas públicas e privadas já participaram das atividades lúdicas com foco na educação para o trânsito. Até o momento, 1109 turmas foram atendidas em 357 escolas da rede de ensino, totalizando 548 ações promovidas pelo setor de Educação para o Trânsito.
Reconhecimento e parcerias
Além da seleção do prêmio da Global Designing Cities Initiative (GDCI), o programa “A Caminho da Escola 2.0” também foi reconhecido na 60ª Premiação Anual do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAB), na categoria Urbanismo, Planejamento e Cidades e ainda ganhou a certificação ouro “What Work Cities” da instituição filantrópica Bloomberg.
A CET-Rio também estabeleceu parcerias com instituições, como a Unicef, a Fundação para Infância e Adolescência (FIA) e com o Banco Mundial, buscando aperfeiçoar as ações voltadas a tornar as vias da cidade mais seguras para pedestres, ciclistas e motoristas.










